QUISSAMAS
2025
Ficha Técnica
Direção e concepção: Paloma Xavier
Direção de fotografia, operação de câmera e edição: Paulo Pereira
Intérpretes criadores e musicistas: Dêssa Souza, Iúna Augusto, Liliane Rodriguês, Mateus Rodrigues, Paloma Xavier e Renato Ihú
Composição de trilha sonora: Iúna Augusto
Produção musical: Gab Alves e Iúna Augusto
Produção executiva: Simone Gonçalves e Pin Rolê Invenções
Iluminação: Fagner Lourenço
Assistência de produção: Luana Xavier e Jucilene Xavier
Comunicação e registros: Patrícia Lima
Design Gráfico: Camila Ribeiro
Figurinista: Paloma Xavier
Bordado das Quissamas: Patrícia Ashanti
Pintura e iluminação das Quissamas: Fagner Lourenço
Costura de figurinos: Solange Wohlers
Orientação corporal: Janette Santiago
Captação de áudio e mixagem: Diego Techera
Realização: Bando Mukuvu e Teia Documenta
Agradecimentos: Casa das Invenções, Bando Trapos, Juvêncio Xavier, Luzinete Xavier, Iyá Vera d’Osun, Ileaseba, Maria da Conceição Machado, Quilombo da Caçandoca.
Sinopse
A Quissama era Mukuvu, que guardava as memórias de lá… Um objeto ancestral, tecido pelas mãos do tempo, capaz de conter lembranças ligadas ao nosso cordão umbilical. Uma espécie de portal, de onde partem os movimentos de cada habitante deste Bando. Corpos que giram para encontrar lacunas do passado, inventar respostas possíveis e construir um futuro coletivo, enraizado na ancestralidade. Quissama é substantivo feminino que nomeia o objeto onde cada artista criador do Bando Mukuvu guarda, carrega e faz dançar suas memórias e serão apresentados em sete episódios desta série de videodanças.



SINOPSES
DE CADA EPISÓDIO
Ep. 1 - Chão
Atuação e coreografia: Dêssa Souza
No videodança "Chão", Dêssa Souza apresenta uma reverência a elementos como os quintais de terra e as fogueiras de sua infância, o cachimbo de seu avô e tios avôs, o martelo que simboliza sua descendência e amor pela marcenaria, criando uma relação entre o fogo que, queimando madeira faz crescer mais terra: terra que é elemento fértil, que pode ser base dura, seca ou barro, tal qual o próprio ventre que gerou e pariu seus filhes, porém conectando esses elementos com um vôo de liberdade. Para a sociedade ocidental, aprofundar raízes e ter filhos significa prisão, mas aqui, afundar raízes e parir significa aprofundar laços com corpo-alma-território e então ser mais forte para alçar vôos.
Ep. 2 - Quintal
Atuação e coreografia: Iúna Augusto
Quintal é uma reflexão sobre os ciclos da vida e suas relações com o território. Corpo, música e imagens se unem para narrar de forma poética as memórias e percepções do artista criador sobre essas relações. É sobre se conectar ao quintal onde os sonhos da criança navegou, brincou e nutriu os caminhos que o barco encontrou, com longa história pra frente e pra trás.
Ep. 3 - Redemoinho ancestral
Atuação e coreografia: Mateus Rodrigues
Depois de uma viagem mil anos ao passado e mil anos ao futuro. Estamos no ponto ZERO. É aqui que tudo (Re)começou. A deriva não tem objetivo de encontrar nada pois tudo esta, É, já sou, aquilo que precisava. Oke Arô, o corpo responde o chamado da mata , balança no vento, na brisa do rio. Oore yèyé Oo. Presente, aqui e agora. Eu Danço
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Ep. 4 - Mazi Amazi
Atuação e coreografia: Liliane Rodriguês
Uma reverência às águas, ao feminino, da onde todos nós viemos. Saúdo as minhas mais velhas, que deram caminho pra que eu estivesse aqui, ontem, hoje e amanhã dançando.
Ep. 5 - Entre Umbigos
Atuação e coreografia: Paloma Xavier
Manifesto aqui minha vontade de estar na rua, de ser rua. É uma ânsia por liberdade, danço o desejo de liberdade, o desejo de ser, de poder, de atravessar e de vazar. Vazar a liquidez aprisionada entre o público e o privado, o interno e o externo. Uma multidão de abismos precisando se debruçar sobre si, porém o público a cerca o tempo todo, com questões que vão aprisionando, censurando e privatizando. Pouco a pouco vou migrando e o desejo de rua me toma, tão forte vontade de falar e dançar na rua, porém a cidade fálica com seus espermas de cimento vai calcificando minhas entranhas. Grita hoje em mim esse desejo de expurgar o medo, de ir ao encontro do enfrentamento através do movimento, de ir ao encontro de tantas outras de mim que caminham por aí, de compartilhar histórias que nos devolvem a nós mesmas.
Ep. 6 - Dançando as palavras, um dizer e dois entender
Atuação e coreografia: Renato Ihú
No corpo revela-se palavra cifradas em movimento. Que busca traduzir em gestos os mistérios da calunga grande, a travessia referendada na ancestralidade. A busca de um marco civilizatório ainda incipiente são os desafios encontrados nessa busca. O corpo em movimento desafia a atemporalidade nas frestas do começo, meio e começo.
Ep. 7 - Quissamas na Cacunda
Atuação e coreografia: Bando Mukuvu
O canto que atravessa o corpo anuncia o retorno, há uma memória pulsante que se carrega nas costas, na pele, na voz, nos objetos que guardam o que não pode ser dito. Em Quissama na Cacunda, cada intérprete faz sua própria travessia e se encontra com o bando no solo que nasce de um mesmo disparador ancestral: a Quissama, objeto-memória que convoca todos os elementos para o retorno, "umbigar para lembrar". O corpo se arrepia, sente o chão estremecer, pelo toque das ngomas, pelo eco dos ngangas, pela ginga dos mandinguê. Quissama na Cacunda é travessia, corpo-oráculo e lembrança viva. Uma dança que nasce de terras distantes, balança no mar e desembarca no agora, trazendo notícias de lá, porque toda memória individual é também memória do coletivo, território onde ancestralidade, arte e presença se entrelaçam.

